terça-feira, 14 de junho de 2016

O Uber e o atendimento de pacientes à distância

Ninguém desconhece a disrupção gerada pelo fenômeno Uber, cuja proposta de serviço com uso das facilidades proporcionadas pela tecnologia aos consumidores revolucionou a forma de como as pessoas utilizam um táxi. O novo modelo de negócio desafia todas as regulamentações, pois a sociedade se beneficia do real valor da ideia.
Em minha opinião, creio que passou da hora do CFM – Conselho Federal de Medicina reavaliar o uso da telemedicina no atendimento do paciente à distância, proibida pela resolução 1974 de 2011, que dispõe também sobre publicidade de medicamentos e uso de redes sociais pelos médicos, e entrou em vigor em meados de 2012.
No site do CFM existe um post de resposta padrão sobre esse tema respondendo um possível questionamento
Trabalho em uma região que dispõe de poucos médicos. Eu poderia oferecer serviços a distância, prestando auxílio, por telefone, a pacientes que residem em municípios vizinhos?
Não. A resolução proíbe ao médico oferecer consultoria a pacientes e familiares em substituição à consulta médica presencial. O médico pode, porém, orientar por telefone pacientes que já conheça, aos quais já prestou atendimento presencial, para esclarecer dúvidas em relação a um medicamento prescrito, por exemplo.
O mesmo tipo de impedimento afeta a área de enfermagem, segundo a resolução Cofen 487-2015, que  “ veda aos profissionais de Enfermagem o cumprimento da prescrição médica a distância e a execução da prescrição médica fora da validade”.
No entanto, para fundamentar a necessidade de mudar essa situação, é preciso levar em consideração algumas questões. O Brasil, através  do SUS – Sistema Único de Saúde realiza aproximadamente 4 bilhões de procedimentos ambulatórios, mais de 530 milhões de atendimentos e supera 11 milhões de internações. Os planos de saúde contabilizam mais de 60 milhões de clientes. Além disso, temos falta de recursos para investimento em Saúde e as inúmeras dificuldades de acesso e transporte do nosso país continente. O artigo do Dr. Carlos Eduardo Cassiani Camargo, especialista em cardiologia, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia fundamenta bem esse assunto.
Outro artigo relevante que discute a questão é A consulta médica virtual: aspectos éticos do uso da internetescrita por Carlos José Reis de Campos, Meide Silva Anção, Monica Parente Ramos, Giovanni Torello e Daniel Sigulem, do Departamento de Informática em Saúde e Departamento de Psiquiatria da Unifesp/EPM.
O uso dos recursos de telemedicina evoluiu muitos de 2012 para cá, com o lançamento de novas plataformas, melhoria no serviço de banda larga, qualidade de vídeo de high definition, som de alta fidelidade, tablets e smartphones com tela de alta resolução, além de uma queda de custos.
O uso da tecnologia para atender pacientes a distância abre um nova oportunidade para empresas e profissionais de saúde e TIC, como comprova a solução lançadas há um ano pela operadora norte-americana de  telecomunicações Verizon,  o “Visitas Virtuais” ,  um serviço que fornece aos pacientes de maneira fácil, conveniente e de baixo custo a possibilidade de uma consulta remota por um clínico sobre resfriado, gripe, dor de garganta ou mesmo uma  condição aguda através de vídeo no smartphone, tablet ou computador.
Ela ainda proporciona outros benefícios, como diminuir a ausência de funcionários que precisam faltar ao trabalho para consultas médicas; pode ajudar planos de saúde a desenvolver programas de prevenção de saúde; o departamento pessoal das empresas pode usar a tecnologia para prestar serviço de assistência médica e bem estar; evitar filas de consultas e reagendamento. Os pacientes podem ainda se conectar online com um clínico através de um app seguro, criptografado. Em por fim, conseguir mais engajamento dos médicos e pacientes nos cuidados da saúde.
Já passou a hora das organizações de toda a cadeia de saúde, entidades da área de tecnologia, governo, faculdades de Enfermagem e Medicina conectarem médicos e pacientes!

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Grandes empresas investem na busca de startups para fomentar inovação

Difícil precisar o número startups existentes no Brasil. Só a entidade ABStartup contabiliza mais de 4 mil associados cadastrados de diferentes setores, e atualmente está realizando uma pesquisa para saber o número real, uma vez que empreendedorismo virou motivo de atração das grandes empresas, que procuram uma startup para ''chamar de sua''.
O motivo dessa atração está na dificuldade das empresas promoverem inovação dentro das próprias organizações por diferentes motivos, mas o principal deles, é que geralmente elas têm estruturas engessadas que inibem a velocidade de desenvolvimento que as startups exigem.
Amure Pinho, recém-nomeado presidente da ABS Startup, diz que as grandes empresas vivem num ecossistema onde não existem os requisitos para o nascimento de uma startup, que "precisa além da ideia inovadora, velocidade e agilidade e liberdade para conquistar o mercado".
A entidade também procura fazer essa aproximação entre grandes empresas e startups, com a realização de um Pitch Corporativo, que esse ano selecionou projetos em segmentos como educação, saúde, varejo, tecnologia e entretenimento.
Recentemente, a Amcham de São Paulo realizou um seminário onde grandes empresas relataram suas experiências e estratégias em busca de novas ideias e projetos inovadores.
Uma das pioneiras em criar programas de apoio às startups foi a Construtora Tecnisa. Romeo Busarello, diretor de Marketing e Ambientes Digitais, relatou que desde 2010 a empresa tem foco em inovação, mas que tinha grandes dificuldades em gerenciar da área de inovação dentro da empresa e cuidar do dia a dia ao mesmo tempo, pois era muito assediada e procurada por empreendedores.
Segundo ele, o principal problema das pessoas que o procuravam era que na tinham foco em relação ao projeto proposto, principalmente em relação a negócios. "A pessoa conhecia do "o negócio", mas não conhecia "de negócios", nem de prioridades, e não raro se perdia na exposição da ideia. Prioridade é uma palavra que não deveria ter plural", diz o executivo.
Para buscar ser mais efetiva no aproveitamento dessas ideias, a Tecnisa criou oFast Dating, onde em uma manhã por mês, os interessados podem fazer uma apresentação com 10 minutos, que não precisa ser da área de construção civil obrigatoriamente. "De 720 projetos apresentados nos últimos 5 anos, apenas 36 resultaram em algum negócio", diz Busarello.
Um deles, por exemplo, foi de apresentado por uma empresa que tinha uma plataforma de declaração de IR ao preço de RS$ 60,00 cada. Como a Tecnisa trabalha com um grande número de colaboradores, viu a oportunidade de oferecer esse benefício aos mesmos.
Um projeto de impacto adotado pela Tecnisa mudou radicalmente o ambiente das garagens dos prédios, local que não era aproveitado pelo condomínio, o que trouxe aumento em 30% das vendas desse tipo de imóvel. Outro projeto pioneiro que contribuiu para imagem de empresa inovadora foi o uso de drones para mostrar aos clientes detalhes que eles normalmente não veem quando visitam os empreendimentos, como a vista do futuro apartamento e a incidência de sol.
A mais recente ideia de uma startup adotada pela construtora, foi a alocação de uma impressora 3 D nos estandes de vendas de edifícios, que imprime a maquete da planta baixa do imóvel, o que facilita os interessados na visualização e facilita o trabalho do corretor na hora de venda.
Bradesco
O Bradesco já está na segunda edição do programa InovaBRA, com inscrições abertas até 22 de dezembro próximo, voltado a descobrir projetos inovadores de startups que tenham soluções aplicáveis ou com possibilidade de adaptação no setor de produtos e serviços financeiros.
Marcelo Frontini, diretor do departamento de Pesquisa e Inovação do Bradesco,  disse que o programa tem foco na experiência do cliente. "Uma startup pode fazer um protótipo, e, se atender 5% dos clientes do banco, o que dá um milhão de clientes, pode ser usado, pois tem valor agregado para banco". Mas ressalta que a segurança é primordial em qualquer projeto do Bradesco, pois não se podem colocar os recursos financeiros dos clientes em risco.
A primeira edição do InovaBra teve 500 participantes, com 10 selecionados. Assim como na primeira edição, as empresas devem apresentar para essa segunda iniciativa soluções nas seguintes áreas: meios de pagamento, canais digitais, produtos, seguros e Banco do Futuro, que engloba iniciativas que possam ser adotadas nos próximos anos por qualquer área do Banco.
"A primeira edição nos surpreendeu em número de inscritos e na qualidade das soluções apresentadas", comenta Maurício Minas, vice-presidente do Bradesco. A expectativa do Banco para a segunda edição é superar relativamente o número de inscrições. "Acreditamos que essa modalidade de negócios veio para ficar, tanto para o Bradesco como para o mercado brasileiro. Tanto que mantemos relacionamento com as demais empresas inscritas na primeira fase, nosso papel é contribuir para elas possam se estruturar, aperfeiçoar seus produtos, colocar no papel novas ideias e, futuramente, ser uma parceira do Banco", reforça Minas.
Os projetos selecionados foram: Atar, dispositivo vestível para pagamento digital; Nue, solução de vitrine interativa; Qranio, plataforma móvel para treinamento; Queroquitar, plataforma de autoatendimento online para renegociação de dívidas; Rede Frete Fácil, solução de gestão de oferta e demanda de fretes rodoviários; Screencorp, startup de gestão de conteúdo interativo em TVs corporativas; Sensidia, solução de gerenciamento de APIs; Shopmobi, solução para gestão de atendimento em agências.
O programa tem duração de 12 meses, sendo quatro destinados ao processo seletivo e oito meses para o processo de interação com o Banco, incluindo melhorias na gestão, busca de sinergia estratégica, operacional e mercadológica.
Natura
A Natura aposta na inovação aberta como proposta para criar um diálogo com a comunidade científica, reunindo pesquisadores e instituições de pesquisa numa iniciativa denominada Natura Campus, a partir de 2006, que já promoveu umhackatown em parceria com o Media Labs, entre outras iniciativas.
Além dos desafios de desenvolvimento de novos produtos, ele inclui inovações em serviços e novos negócios em uma visão multidisciplinar, como por exemplo, um sistema de produção sustentável do dendê e uma biblioteca virtual de gestos, baseada em terapias corporais para inspirar as pessoas a resgatarem e valorizarem as relações humanas.
Luciana Hashiba Horta, responsável por Gestão e Redes de Inovação da Natura, diz que por ser uma empresa brasileira a Natura não tem experiência internacional, motivo pelo qual está aprendendo sozinha como absorver essas ideias. Ela explica que a nova iniciativa da Natura terá uma proposta objetiva, oHackaton Ekos Mãos na Mata, "uma maratona de ideias que conectem a natureza e a Amazônia no dia a dia das pessoas, que provoquem atitudes transformadoras e que gerem soluções de bem estar e qualidade de vida". Serão quatro dias de imersão em Belém, no Pará, em março de 2016, propondo troca de conhecimentos, colaboração e oportunidade de networking.
Brasken
Patrick Teyssinneye, diretor de Inovação da Braskem disse que uma das principais dificuldades em criar seu programa de inovação era a própria característica da empresa, uma indústria que tem grande volume de produção voltada ao mercado cujo produto final é o plástico.
Explicou que Braskem Labs foi uma iniciativa pioneira na indústria química e petroquímica brasileira, ao incentivar empreendedores no desenvolvimento de soluções socioambientais inovadoras por meio do uso do plástico. O objetivo era buscar novas soluções e tecnologias em segmentos como saúde, moradia, mobilidade, segurança, entre outros, que gerassem impacto social.
O programa desenvolvido em 2015 recebeu a inscrição de 150 projetos, dos quais 19 foram selecionados. Ele salienta o projeto dos óculos 3 D de realidade virtual Beenoculus para ser utilizado com smartphones, como ferramenta complementar de ensino e aprendizado, cujo objetivo é trabalhar temas de forma mais prática. O Beenoculus proporciona aos usuários uma experiência única de aprendizado, dando a eles a sensação de estarem fisicamente em outro lugar, como por exemplo, uma viagem a centros históricos ou a partes internas do corpo humano.
Os projetos selecionados tem acesso a capacitações e apoio na elaboração do modelo de negócio com foco no impacto social promovido e na viabilidade financeira.
Senior
Alencar Berwanger, diretor de Marketing e Produto da Senior, empresa de software de recursos humanos e gestão empresarial, com sede em Blumenau, com receitas da ordem de RS$ 250 milhões, já gerou cinco spin off. Em 2011 a empresa fez um diagnóstico da empresa envolvendo vários KPI (índices de avaliação) onde se constatou que os colaboradores envolvidos nas tarefas do dia a dia não estavam inovando.  Por isso, ela criou o programa Inove Seniorpara retenção de talentos. Hoje ele recebe mais de 2 mil ideias de 7 mil clientes, 6% das quais já foram aproveitadas.
"Em 2013, um projeto de aceleração da empresa foi aprovada pelo Conselho". Estamos sempre procurando qual será a próxima startup ''Senior killer", para no mínimo, participar dela," brinca o executivo.
Ford
A Ford desenvolve programas de apoio às startups com objetivos ligados a tecnologia dos automóveis e também de natureza institucional, explica  Adriana Rocha, gerente de comunicação corporativa da empresa.
A iniciativa TechStar, baseada em Detroit, EUA, desenvolver soluções mobile para a plataforma de comando por voz Sync, pelo qual o motorista não precisa tirar a mão volante para realizar uma função, garantido sempre uma direção segura.
Segundo a executiva, a Ford tem preocupação na democratização da tecnologia, motivo pelo qual oferece esses recursos a partir do carro de entrada de linha, o Novo Ka e Ka+. Esse recurso de conectividade está presente equipa também atual geração das linhas Focus, Fusion, EcoSport, Edge e Ranger, além de estar disponível em versões do New Fiesta Hatch e Sedan.
Em paralelo, a empresa incentiva startups a criarem soluções que tenha impacto na mobilidade das cidades, como por exemplo, o Desafio São Paulo de Aplicativos, recém-realizado. Nele três projetos foram escolhidos: Muvall, criado por Gabriel Araújo, cujo app realiza a integração de dados do transporte público e privado, com base no destino final do usuário; MOBQI, que faz o rastreamento e itinerário de ônibus, localização e envio de alertas para a viatura policial mais próxima, informações sobre táxis, estabelecimentos comerciais e interação com outros usuários.
E o Vita que pretende auxiliar as pessoas no planejamento do trajeto, por meio da escolha do melhor meio de transporte. A intenção é melhorar a experiência no trânsito, diminuindo o tempo de viagem e os custos de transporte, contribuindo com saúde física e mental de quem se locomove por São Paulo.
Chivas Regal
Criado pela marca de whisky Chivas Regal, o concurso "The Venture" escolheu na etapa brasileira quatro empresas – i9access, Colab, Epitrack e Sayyou Brasil – que, por meio de inovações tecnológicas, atuam em diferentes áreas, como saúde, relacionamento entre prefeituras e cidadãos e combate a pragas. O objetivo da iniciativa é incentivar empreendedores com projetos que buscam gerar impacto social positivo, cuja premiação levará uma dessas quatro empresas a participar de um workshop no Vale do Silício (EUA) e a concorrer, na etapa global com outras startups mundiais, a um prêmio de US$ 1 milhão.
Os critérios analisados foram inovação da solução, modelo de negócio, tamanho do mercado, retorno esperado e a capacidade de execução do time. A i9access oferece aproximação entre os profissionais de saúde e pacientes. O projeto criado por Alécio Binotto faz o monitoramento de pacientes, gerenciamento de eletrocardiogramas e treinamento em videocirurgia.
Desenvolvida pelo publicitário Gustavo Moreira Maia, a Colab é uma rede social colaborativa que tem como finalidade servir como ponte entre o cidadão e o poder público. A rede ajuda os moradores das cidades a monitorarem as ações tomadas pelos governantes. Já são cerca de 100 prefeituras brasileiras utilizando a plataforma, junto com mais de 100 mil cidadãos. Já a Epitrack, startup de Recife (PE), atua na área de saúde, desenvolvida por Onicio Leal Neto, o empreendimento é focado em vigilância epidemiológica em dispositivos móveis, detecção digital de doenças e treinamento para epidemiologistas. O projeto da Sayyou, criado por Sergio de Andrade, utiliza a tecnologia como alternativa limpa ao uso de agrotóxicos e herbicidas no combate às pragas. A meta da empresa é desenvolver um serviço que use eletrochoques para realizar o procedimento, promovendo um controle sem danos ao solo e ao meio ambiente.
A premiação faz parte da plataforma global de Chivas "Vença do Jeito Certo" que tem como objetivo inspirar as novas gerações a empreender e desenvolver seus projetos, além de inspirar outras pessoas a fazer parte do movimento.
Dassault Systèmes
A francesa Dassault Systèmes, produtora de software de projeto 3D, anunciou essa semana o  3DEXPERIENCE Lab – Laboratório Aberto de Inovação e Programa Acelerador de Startups, com o objetivo de fortalecer os projetos de vanguarda de transformação da sociedade. No período de um a dois anos, as startups selecionadas terão acesso à plataforma 3DEXPERIENCE, habilidades técnicas e tutoria para criar experiências digitais que otimizem e validem seus produtos e processos. Além disso, a presença mundial da Dassault Systèmes ajudará a acelerar os lançamentos de produtos e a participação internacional de startups. O Lab envolve inteligência coletiva com uma abordagem de colaboração recíproca para promover empreendedorismo, dar vida a novas experiências e fortalecer o futuro da criação da sociedade.
Ele foi lançado em paralelo com a Fundação Dassault Systèmes, criada para apoiar projetos inovadores e transformadores de educação, pesquisa e conhecimento científico em instituições acadêmicas, institutos de pesquisa, museus, associações, centros culturais e outras organizações de interesse geral por meio da União Europeia.
Telefônica Vivo
A Telefônica Vivo criou no ano passado na Espanha o Open Future, focado em inovação aberta para desenvolver o empreendedorismo e buscar novos talentos. Por meio do Think Big, espaços de crowdworking, Wayra, Telefònica Ventures, Amerigo e do CIP Telco Fund, ele tem recursos aplicados da ordem de 500 milhões de euros.
Segundo Ana Segurado, diretora do Open Future, "o Brasil é o país onde há o maior número de empreendedores na população, por isso nossa presença aqui é muito importante para nós. É uma forma de demonstrar que compartilhamos a mesma filosofia e o resultado disso é ter nos permitido ajudar tantas startups a realizarem seus projetos".
O Wayra, principal projeto da empresa no Brasil, criado em 2012, soma investimentos de RS$ 38,6 milhões em 49 projetos digitais.
A Telefônica também criou há dois anos uma startup no Brasil focada em educação digital, tendo em vista o próprio potencial do setor e da grande demanda de treinamentos que suas próprias equipes de colaboradores representa. Hoje ela tem 300 clientes e 4 milhões de alunos em diferentes plataformas.
Luis Alexandre Castanha, CEO da Telefônica Educação Digital, disse que o caminho para se criar uma startup dentro de uma grade empresa é árduo, pois tem que se submeter a processos demorados, burocráticos e jurídicos, que vão contra a condição básica de agilidade e velocidade necessárias às startups. "Mesmo para ganhar o contrato com a Telefônica, tivemos que concorrer com outras empresas de mercado", explica.
Ideia antiga
Quase chegando ao início de 2016, podemos constatar que esse movimento das grandes empresas em busca  de "inovação, startups e empreendedorismo'' não é muito recente
No IBM CEO Study 2012, há 4 anos, CEOs falam sobre o impacto e as oportunidades da economia conectada, dentro e fora da empresa. O estudo já questionava como atrair e reter talentos, manter a coesão das equipes e lidar com uma abertura organizacional cada vez maior? Ao lidar com o cliente, como tornar a organização relevante e atrativa para um público conectado?
As conclusões dizem que mesmo quando a organização tiver um bom desempenho, os CEOs deverão, ocasionalmente, romper o status quo e introduzir novos catalisadores externos, parceiros inesperados e alguma ideia intencionalmente disruptiva.
O local e a forma como os insights são encontrados e usados pelas empresas estão mudando radicalmente. Para atrair efetivamente um cliente, as organizações precisarão de capacidades analíticas mais fortes para descobrir padrões e responder a perguntas que nunca pensaram em fazer sobre seus públicos de interesse.
Para os CEOs, a abertura organizacional oferece um grande potencial de crescimento. Mas a abertura também vem com mais riscos. À medida que os controles são liberados, as organizações precisam de um forte senso de propósito e de convicções compartilhadas para a tomada de decisões. As equipes precisarão de processos e ferramentas que inspiram colaboração em uma escala em massa. Talvez o mais importante seja que as organizações devam ajudar os funcionários a desenvolver atributos para serem bem-sucedidos nesse tipo de ambiente.
Com certeza essa uma boa constatação para explicar porque as grandes empresas resolveram acelerar o movimento de incentivo e busca de uma startup para "chamar de sua".

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Com aquisição da EMC, Dell quer dominar mercado de infraestrutura para a nuvem


Muitos tijolos ainda devem ser assentados na construção da nova empresa de Michael Dell, após a aquisição da EMC nesta segunda-feira, 12, considerado o maior mega deal na áreade tecnologia, estimado em US$ 67 bilhões.

O que se pode analisar de imediato, são as sinergias entre ambas as empresas, uma vez que, haverá um tempo bastante longo para a integração da administração e detalhes operacionais, previsto para o segundo semestre de 2016.

Um dos pontos fortes do negócio inclui o portfólio de sistemas de armazenamento da EMC com os servidores da Dell, que podem ser assim oferecidos para mercado de médias empresas, tradicionais clientes de PCs e notebooks Dell, para que as mesmas possam construir nuvens híbridas ou privadas.

Nesse caso, o fato da VMware, subsidiária da EMC, ter sido mantida como uma empresa independente facilita o histórico relacionamento que a Dell mantém com a Microsoft, que assim não poderá reclamar se seu software Hyper V for preterido em detrimento do líder do mercado de virtualização, o VMware.  Por outro lado, o ecossistema do Azure, solução de nuvem da Microsoft, será fundamental para os planos da Dell em atacar o mercado de datacenters de companhias de menor porte.

Outra oportunidade que se pode vislumbrar é o mercado de segurança da informação, pois a EMC controla a RSA, líder em continuidade de negócios pelo Gartner, além de um amplo portfólio que poderá ser somado ao da Dell, que há alguns comprou a SonicWall, e investe em segurança de rede, mercado dominado pela Cisco.

Como se pode prever de uma forma ainda superficial, é que essa consolidação vai mexer com as lideranças do mercado corporativo de TI. Enquanto os tijolos dessa nova construção não forem alinhados, o que se anseia é saber como serão acomodados os colaboradores e os parceiros de negócios.

No caso dos primeiros, parece óbvio, onde há posições análogas, alguém é eliminado. Para as revendas e integradores, a oportunidade será favorável para aqueles que mais rapidamente absorverem os conhecimentos técnicos dos dois portfólios e como eles se integram, para oferecer como um pacote de melhor custo benefício para seus clientes.

Com certeza essa é a ambição da Michael Dell, um líder de mercado avesso ao holofote de mídia e aos caprichos de Wall Street, que fechou o capital da Dell, para ao invés de se dedicar aos relatórios trimestrais aos acionistas, concentrar-se em fazer da empresa que leva seu nome uma fera de vendas, agora com apetite maior.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O poder transformador da impressão 3 D

Quando o tema impressão 3 veio à tona no mercado de tecnologia foi recebido ao mesmo tempo com muita desconfiança e entusiasmo.  Prometia uma “nova revolução industrial”, mas sua adoção patinava dificuldades em se encontrar as ‘’killer applications’’, no desenvolvimento dos materiais e insumos e no modelo de negócios.  Hoje essas questões estão sendo resolvidas, de forma gradativa, mas que revelam um cenário muito promissor, principalmente em áreas como de manufatura com design inovador, de prototipagem e, na que eu considero mais relevante, a de saúde, para impressão de próteses e órteses sob medida.

Em 2013, a convite do governo de Taiwan, visitei várias empresas em Taipei. Uma delas com nome incomum, XYZ, subsidiária de um grande grupo eletrônico chamado de Kimpo -- terceiro maior produtor internacional de produtos eletrônicos OEM, após Foxconn e Flextronics --, que pela primeira vez criou uma empresa com marca própria, a impressora 3D batizada de Da Vinci, pois vislumbrava um enorme potencial de mercado para o produto. Mas, no entanto as aplicações eram simples e os materiais raros e caros.

O tempo passou, e agora, pouco mais de dois anos, o cenário é outro. Surgiu uma variedade de startups criativas, empresas inovadoras em diferentes segmentos. Ao mesmo tempo, mudanças no comportamento do consumidor, que privilegia produtos com design exclusivos e sustentáveis.
Segundo o Gartner, até 2017, mais da metade dos fabricantes de bens de consumo empregarão o crowdsourcing – modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos coletivos e voluntários – em cerca de 75% de sua capacidade de inovação e de P&D. Até lá, 80% dos consumidores trocarão seus dados pessoais por redução de custos, e mais conveniência e personalização na compra de bens e serviços.

Para o instituto de pesquisa, nas economias maduras, a redução do trabalho por conta da “digitalização” irá causar nos próximos cinco anos, agitação social e busca de novos modelos econômicos. E até 2018, a impressão 3D será responsável pela perda anual de pelo menos US$ 100 bilhões em direitos de propriedade intelectual.

Assisti recentemente uma apresentação do vice-presidente sênior de Marketing e Estratégias para Indústrias da Autodesk, Andrew Anagnost, no evento Autodesk Universtiy, sobre sua visão de como a indústria de software está vendo o futuro desse mercado e a sua influência junto ao consumidor nos diversos segmentos da indústria. Apresentou diversos de projetos de bens duráveis, de consumo, construção civil, moda, eletroeletrônicos, etc.

Explicou que a indústria automobilística acompanha de perto a experiência de se fabricar sob demanda carros esportivos, ‘’estilosos’’, objeto de desejo de consumidores abonados em busca de exclusividade. Na de moda, a impressão de vestidos e bijuterias, peças únicas e personalizadas que tanto as mulheres adoram, vai mudar o segmento de vestuário.

Para incentivar os desenvolvedores, a Autodesk estabeleceu um fundo de investimento de US$ 100 milhões de criou a plataforma aberta Spark, um consórcio formado por vários players  da indústria de software para apoiar propostas que ultrapassem os limites de impressão 3D e incentive empresas a trazer novas ideias para o mercado. Ela oferece APIs, serviços de impressão 3D em cloud, cursos, treinamento, etc. e serve como um fórum para discussão de padrões, testes de materiais, aplicações, etc.

Matéria do Wall Street Journal, de 21 de setembro, diz que Risco de concorrência leva gigante de entregas UPS a abraçar impressão 3-D. Ela diz que em seu centro de distribuição em Louisville, no Estado americano de Kentucky, a gigante da logística e das entregas expressas de encomendas United Parcel Service Inc recentemente colocou em atividade 100 impressoras 3-D de porte industrial para produzir um pouco de tudo, de peças para o iPhone até componentes de avião.

A UPS quer descobrir se centros de impressão 3-D podem encurtar as redes de suprimentos e prejudicar seu negócio de transporte de cargas, que movimenta hoje US$ 58 bilhões ao ano — ou dar impulso a um potencial mercado de produção local para entrega imediata. Para a empresa americana, a diferença pode significar sua sobrevivência. A UPS não quer que a impressão 3-D afete seu negócio da mesma forma que a internet aniquilou as entregas expressas de documentos há mais de dez anos

Saúde

Como disse, na saúde é onde credito a importância e relevância do desenvolvimento do mercado de impressão 3 D. Creio que é desnecessário explicar o impacto que isso traz para a sociedade e na vida das pessoas.

Alguns exemplos, divulgados pela Singularity University, a chamada Universidade do Google, e o instituto Biofabris de Campinas, mostram a importância e inovação da impressão 3 D nas áreas médica e farmacêutica.

Um dos casos publicados recentemente mostra um paciente de de 54 anos com câncer (sarcoma na caixa torácica) que recebeu costelas e esterno em titanium impressos em 3 D. A maioria das peças de metal 3D impressas utiliza uma tecnologia chamada sinterização seletiva por laser, em que as camadas de metal em pó são fundidas com um feixe de laser. Em vez de um laser, no entanto, a impressora da marca Arcam utiliza uma tecnologia de feixe de elétrons  mais poderoso desenvolvido para aplicações aeroespaciais.




Recentemente a FDA - Federal Drug and Administration, a poderosa agência norte-americana que fiscaliza a indústria de medicamentos dos EUA, aprovou a primeira prescrição de drogasimpressa em 3D,validando a tecnologia como um a nova oportunidade de  mercado para os laboratórios farmacêuticos, passo relevante para viabilização da preconizada medicina personalizada.




A pílula impressa Spiritam levetiracetam, é um medicamento que combate vários tipos de convulsões epilépticas. A ideia de uma pequena empresa chamada Aprecia, é essencialmente um ingrediente velho embalado em um sistema novo, com entrega mais eficaz . Ao contrário de formulações atuais da mesma droga, o Spiritam imediatamente se dissolve em contato com a água e é absorvido rapidamente,  uma propriedade, obviamente, mais benéfica quando se tenta reduzir episódios de convulsão súbitas.

No Brasil, em junho passado, a Unicamp e a Biofabris fizeram 1ª cirurgia de reconstrução crânio com pó de titânio impresso em 3D do Brasil, um exemplo que a tecnologia está acessível e existe competência em nosso país.




sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Você já recebeu um email baixando o preço de um serviço contratado?

As empresas e executivos brasileiros que admiram o modelo de gestão da Apple deveriam seguir o exemplo.... 

Prezado(a) Claudiney A Santos,

Recentemente, apresentamos novos e mais acessíveis planos de armazenamento do iCloud e o preço mensal de seu plano de 200GB será reduzido de $3.99 por mês para $2.99 por mês. Seu plano de armazenamento será renovado automaticamente para $2.99 em sua atual data de renovação e seu cartão de crédito registrado será cobrado por mês até que você altere ou cancele seu plano.

Equipe do iCloud.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Movimento Maker estimula o empreendedorismo e a ruptura de modelos econômicos

Nascido nos Estados Unidos como uma extensão da cultura Faça-Você-Mesmo ou, em inglês, Do-It-Yourself , o movimento Maker ganha adeptos no Brasil. Esta cultura tem como pano de fundo a ideia de que pessoas comuns possam construir, consertar, modificar e fabricar os mais diversos tipos de produtos e projetos inovadores, usando equipamentos simples, como impressoras 3D, fresadoras, tornos eletrônicos, por exemplo. Os microcontroladores como o Arduino prometem o início de uma revolução industrial  de grandes proporções, pois ela permite a construção de máquinas que fazem outras máquinas.

A ideia do Maker é antiga e ajudou a criação da indústria de computadores, quando jovens começaram a montarr os primeiros kits eletrônicos, que deram origem aos computadores pessoais, que teve seus primórdios no Homebrew Computer Club, ou Clube dos Computadores Caseiros. Foi no nele que  Steve Jobs e Steve Wosniak apresentaram pela primeira vez o Apple I.
Apesar de soar como uma volta ao passado, o Movimento Maker propõe uma nova ordem na produção e mexe com a organização das grandes empresas, pois a tecnologia permite a personalização de produtos sob medidas,  testar antes de colocar no mercado, redução em custos de moldes, etc. Além disso, ele permite estimula a liberdade criativa e o empreendedorismo de startups e de pessoas dos mais diferentes setores, idades e grau de conhecimento. Tem grande impacto nas diferentes indústrias, em especial na de Saúde, com a fabricação de próteses.
No estado de São Paulo o governo está estimulando várias atividades. Já existe um movimento estabelecido desde junho do ano passado, a MakersNet. Outra iniciativa é a comunidade dos Fazedores, que tem estudo sobre o Estado do Movimento Makerno Brasil. Outras iniciativa independente  é Garage FabLab, que está produzindo um trabalho criativo e com a produção de vários projetos interessantes.

A importância do Movimento Maker também está refletida no livro do Guru ChrisAnderson, que escreveu Makers - The New Industrial Revolution  em 2013.

Ele é uma nova maneira de se pensar e construir uma sociedade que promova o compartilhamento do conhecimento criativo. Tecnologia não sai ser o impeditivo.

Veja o vídeo do Garage FabLab








terça-feira, 15 de setembro de 2015

Meios de Pagamento: um mercado em ebulição

Em 2014, os pagamentos por meios eletrônicos registraram um volume de U$S 47 trilhões, segundo o Instituto Euromonitor. Em 2016, espera-se que os pagamentos com cartão ultrapassem os pagamentos em dinheiro e cheques e se tornem o método preferido de pagamento em todo o mundo. No comércio eletrônico, essa é uma tendência sem volta.
De janeiro de 2014 até julho de 2015, foram feitas mais de um bilhão de transações sem contato. Novos entrantes em pagamento sem contato, como Apple Pay, Samsung Pay ou Android Pay, abrirão caminho neste mercado e ameaçam gigantes tradicionais de meios de pagamento, como Visa e Mastercad.
Com novos participantes não bancárias, os bancos  terão de se reinventar para não perder mercado. Em 2014, o Banco Mundial estimou que metade da população adulta - mais de 2,5 bilhões de pessoas - não tinha uma conta bancária "física". Esses recém-chegados ao setor de pagamentos podem capitalizar sobre isso, em especial apelando para a base de clientes mais jovem,  que terão um papel fundamental nessa mudança. Em 2014, os cartões de NFC e LTE tiveram um crescimento superior a 100%, segundo dados da Frost & Sullivan.

As pesquisam mostram que o NFC está se tornando um sistema em rápida expansão, com uso em terminais POS, vending machines, etc. Segundo especialistas, o uso intensivo de software pelo setor de meios de pagamento, pode substituir o hardware utilizado até este momento mais rápido do que se poder imaginar, trazendo novos desafios para o setor.